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Parabéns, você se formou e é um médico! E agora?

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A cada ano milhares de novos médicos entram no mercado após graduarem em cursos de Medicina de todo o país. De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2018[1], em 2016 foram 18.753 médicos formados, com este número crescendo a cada ano. Ainda de acordo com este documento, 80% dos egressos de Medicina pretendem cursar residência médica, com apenas 16% partindo direto para a prática médica.

A residência médica é a opção da maioria dos médicos formados pois, além de garantir o título de especialista para atuação em uma área específica, permite ao recém-formado adquirir conhecimentos específicos, melhor prática clínica e maior experiência em geral.

Porém, o período da residência pode ser um momento difícil na carreira de muitos médicos. Não é incomum ouvir relatos sobre as cargas horárias cansativas, a pressão ao colocar em prática os conhecimentos teóricos e a dificuldade de conciliar vida profissional e pessoal de maneira saudável.

Veja a seguir algumas dicas para recém-formados em faculdades de medicina que começam seu treinamento na residência médica:

Não tenha medo de falar com a equipe

Claro, em todo lugar existem aquelas pessoas que não são muito simpáticas ou disponíveis quando se trata de ajudar aqueles que estão começando, mas elas são a minoria. O fato é que a equipe em volta de você, desde médicos, técnicos, enfermeiros e outros, tem muita experiência e conhecimento a compartilhar. Portanto, não se deixe intimidar pelos poucos que não se disponibilizam a ajudar. A maioria realmente quer treinar estudantes e residentes da maneira certa, e se você não se manifestar não saberá quem pode ajudá-lo, podendo perder grandes oportunidades de aprendizado.

Apoiem-se mutuamente

Todos nós sabemos o quão competitiva a medicina pode ser. Concorremos para ser aceitos na faculdade de medicina e competimos para ingressar na residência de nossa escolha. No entanto, todos os residentes estão passando pelas mesmas dificuldades, e ter o suporte um do outro pode facilitar.

Se você não sabe, diga que não sabe

Muitos cometem o erro de assumir uma resposta em vez de admitir que não sabem, até o ponto em que isso afeta a segurança do paciente. Seus superiores irão respeitá-lo muito mais quando você admitir o que não sabe e reivindicar legitimamente aquilo que sabe de fato.

Se você não tiver certeza, busque outra opinião

Antes de escrever uma ordem de medicação ou outra solicitação e as enfermeiras a realizarem, certifique-se do que você está pedindo. Se houver alguma dúvida, pergunte aos residentes mais antigos ou ao seu preceptor. Eles estão lá para auxiliar o seu correto aprendizado.

Seja humano

Focados no aprendizado, muitos residentes às vezes esquecem que estão cuidando da saúde de pessoas reais e os pacientes se tornam o "diabético no quarto XYZ" ou o "acidente de motocicleta na UTI". Para evitar que isso aconteça, sempre se dirija aos pacientes pelo nome. Tente entender o que eles estão sentindo (ninguém está atendendo quando eles chamam, a comida está fria no momento em que é trazida a eles, etc.) ao invés de se preocupar apenas com suas doenças e o gerenciamento de cuidados. Muitas dessas outras queixas podem ser bastante angustiantes para os pacientes, afetando até mesmo seu curso clínico. Talvez aquele aumento súbito de pressão sanguínea foi causado por ter sido acordado para tirar sangue, por exemplo.

Estude o que você vê

Não importa o quanto você saiba, você não sabe tudo e ainda há muito mais que você precisa saber. Ler sobre os casos que você vê é a melhor maneira de reter essa informação, não apenas para os exames que talvez tenha que prestar, mas também para a prática clínica da vida real. Depois de sentir o cheiro de pseudomonas, por exemplo, você nunca esquece. Ler a descrição do aroma sem ter experimentado não é o mesmo.

Não se esqueça de cuidar de si mesmo

Todos nós esperamos algum tratamento áspero quando entramos na residência, mas muitas vezes os piores abusos vêm de nós mesmos. Muitas pessoas recomendam bom sono, ioga, meditação e muitas outras formas de “bem-estar” para superar o estresse e o esgotamento. Mas muitas vezes quando um residente fala que não tem tempo para fazer essas coisas, ele realmente não o tem. No entanto, não devemos nos perder em nosso treinamento.

Por mais que nos esforcemos para aprender medicina, precisamos reservar tempo para cuidar da nossa própria saúde e equilíbrio, apreciar as coisas simples da vida e dar valor ao momento que estamos vivendo. Mantenha o foco no que é necessário ser feito durante a residência médica para colher os frutos do aprendizado no futuro, mas caso a carga esteja pesada, faça uma caminhada com um amigo, converse com alguém que já passou pela mesma situação, faça algo que lhe dê prazer. E continue firme.

...

Enquanto a residência marca o início da carreira médica, os novos residentes ainda têm um longo caminho a percorrer. Manter essas dicas em mente pode ajudar a tornar o caminho menos traiçoeiro.

 

Referências

[1] Demografia Médica no Brasil 2018, disponível em https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/DemografiaMedica2018.pdf.

 

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