Burnout: estatísticas e as especialidades médicas mais sujeitas à exaustão
Quase dois terços dos médicos dos EUA relatam que se sentem esgotados, deprimidos ou ambos, com um em cada três admitindo que seus sentimentos de depressão têm um impacto sobre como eles se relacionam com pacientes e colegas, de acordo com o primeiro Relatório Nacional Medscape sobre Burnout e Depressão em Médicos[1].
O desgaste do médico pode prejudicar os resultados obtidos. Uma pesquisa[2] mostrou, por exemplo, uma relação consistente entre níveis mais altos de esgotamento do médico e níveis mais baixos de segurança do paciente e qualidade dos cuidados recebidos.
Dito isto, há passos que os executivos de hospitais e clínicas podem tomar para aliviar o esgotamento. A maioria dos médicos, 56%, disse que menos tarefas burocráticas ajudaria a aliviar o desgaste, por exemplo, enquanto 39% disseram que menos horas de trabalho reduziria a exaustão. Enquanto isso, cerca de 33% dos médicos disseram que melhor remuneração e um horário de trabalho mais flexível fariam diferença.
Possibilitar a prática de atividades físicas é outra opção a ser considerada pelos hospitais. Para lidar com o burnout, na verdade, cerca de metade dos médicos escolhem estratégias saudáveis, incluindo exercícios e conversas com familiares ou amigos.
Entre mais de 15.000 médicos em atividade, divididos em 29 especialidades, que responderam à pesquisa do Medscape, 42% relataram que sofrem burnout, 15% relataram depressão e 14% disseram ter sido acometidos por ambos; taxas mais altas foram relatadas por mulheres e médicos no meio de sua carreira. O relatório definiu burnout como sentimentos de exaustão física, emocional ou mental, frustração ou cinismo em relação ao trabalho, e dúvidas sobre a própria experiência e o valor do seu trabalho.
Quando se trata de depressão, 12% dos médicos dizem que se sentem "deprimidos" e 3% disseram que sofrem de depressão grave. Estatísticas recentes da população geral dos EUA mostram que 6,7% dos adultos apresentam sentimentos depressivos. Ou seja, a taxa de médicos que se sentem deprimidos ou gravemente deprimidos é mais que o dobro da taxa da população adulta geral.
A maioria dos médicos que cita a depressão disse que seu trabalho era a causa. Na verdade, uma outra pesquisa do Medscape[3] sobre Estilo de Vida e Felicidade dos Médicos descobriu que a maioria dos médicos fica feliz quando não está trabalhando.
Nos Estados Unidos, as maiores taxas de burnout foram encontradas em intensivistas, neurologistas, médicos de família, ginecologistas / obstetras e internistas. No Brasil, a especialidade de Clínica Médica é normalmente a responsável pelo que os médicos de família e internistas fazem nos EUA.
As taxas mais baixas foram entre cirurgiões plásticos, dermatologistas, patologistas e oftalmologistas. As taxas de burnout foram maiores entre as mulheres — 48% contra 38% para os homens — e os médicos entre 45 e 50 anos (50% contra 35% para os médicos mais jovens e 41% para as idades entre 55 e 69 anos).
O relatório do Medscape também descobriu que a depressão afeta o atendimento ao paciente. Um em cada três médicos deprimidos disse que se irrita mais facilmente com os pacientes, 32% disseram que estavam menos envolvidos com os pacientes e 29% admitiram ser menos amistosos. Quase 15% admitiram que a depressão poderia causar erros que normalmente não cometeriam, e 5% relacionaram a depressão a erros cometidos que poderiam ter prejudicado um paciente.
Um número ainda maior de médicos disse que a depressão prejudica seu relacionamento com os colegas, com 42% relatando exasperação, outros 42% indicando menos engajamento e 37% dizendo que expressam suas frustrações diante da equipe ou dos colegas.
A maioria dos médicos não procura ajuda profissional para o burnout ou para a depressão. Ao invés disso, um terço se volta para o consumo de junk food, e um em cada cinco bebe álcool ou come compulsivamente.
É preciso estar atento aos sinais de burnout e procurar ajuda o mais cedo possível. Para que seja possível cuidar da saúde de seus pacientes, é indispensável que também a sua saúde esteja sendo bem cuidada.
Leia mais sobre o burnout:
- 8 práticas para prevenir o burnout entre médicos
Referências
[1] Medscape National Physician Burnout & Depression Report 2018, disponível em https://www.medscape.com/slideshow/2018-lifestyle-burnout-depression-6009235.
[2] The Relationship Between Professional Burnout and Quality and Safety in Healthcare: A Meta-Analysis, disponível em https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11606-016-3886-9.
[3] Medscape Physician Lifestyle & Happiness Report 2018, disponível em https://www.staging.medscape.com/slideshow/2018-lifestyle-happiness-6009320.