Como aproveitar a telemedicina para maior eficácia na continuidade dos tratamentos
A pandemia de COVID-19 pode ter sido exatamente o empurrão que o setor de saúde precisava para finalmente implementar o uso generalizado de telessaúde, uma medida que pode economizar bilhões do setor a cada ano e, ao mesmo tempo, melhorar os resultados e a experiência do paciente.
Antes da pandemia, houve no Brasil uma tentativa de definir e disciplinar a telemedicina no país através da Resolução 2.227/2018. Essa norma chegou a ser publicada em 2019, porém, foi revogada em resposta à manifestação de entidades médicas que reivindicavam uma discussão mais ampla sobre o tema. Desde então, não houve evolução no processo de regulamentação, de modo que o exercício da telemedicina no país era simplesmente inexistente.
Foi nesse contexto que, com a situação da pandemia, o CFM acabou reconhecendo em caráter excepcional o uso da telemedicina em março de 2020, através do Ofício 1.756/2020, respaldado pela Portaria 467/2020 do Ministério da saúde.
Assim, a telemedicina acabou de nascer no Brasil, e há muito a ser compreendido pelos médicos e também pelos pacientes para que a adoção desse modelo de atendimento possa ganhar adeptos e crescer.
A telemedicina no gerenciamento de cuidados crônicos e no monitoramento remoto de pacientes
Além dos claros benefícios de segurança para médicos e pacientes em meio à COVID-19, a telemedicina também abre as portas para outras oportunidades, como gerenciamento de cuidados crônicos e monitoramento remoto de pacientes. O Ofício do CFM inclusive dispõe sobre a modalidade de telemonitoramento:
Telemonitoramento: ato realizado sob orientação e supervisão médica para monitoramento ou vigência à distância de parâmetros de saúde e/ou doença.
O gerenciamento de cuidados crônicos e o monitoramento remoto de pacientes podem melhorar os resultados de saúde, a experiência do paciente e também seus resultados financeiros.
Quando usado pelos médicos como um suplemento para um plano de tratamento estabelecido, o gerenciamento de cuidados crônicos pode ajudar os médicos a atender de forma mais eficaz às necessidades de seus pacientes de tratamento crônico e o monitoramento remoto de pacientes pode dar aos pacientes uma sensação de segurança enquanto também os desvia de hospitalizações desnecessárias e visitas ao pronto-socorro.
O aproveitamento da telessaúde em conjunto com essas estratégias significa que os médicos podem monitorar mais de perto as mudanças nas condições de saúde dos pacientes crônicos sem aumentar a carga de trabalho do consultório, as despesas gerais ou as horas trabalhadas, levando a um potencial significativo de receita.
A utilização do monitoramento remoto de pacientes pode resultar em 47% menos consultas médicas, 41% menos chamadas telefônicas e 51% menos consultas urgentes durante plantão.
O atendimento virtual por teleconsulta reduz significativamente o alto custo das faltas às consultas, e os pacientes mantêm um acompanhamento mais frequente de suas condições, se engajando em seus cuidados de saúde.
Um exemplo claro dos benefícios da telemedicina nos cuidados crônicos está no diabetes. O impacto do diabetes na população é significativo. Com mais de 16 milhões de adultos entre 20 e 79 anos no Brasil vivendo com essa condição, pode-se imaginar os efeitos futuros de longo prazo dos cuidados não gerenciados.
Portanto, o aproveitamento do atendimento remoto para gerenciar os cuidados de saúde dos diabéticos é uma oportunidade para grandes melhorias na saúde dessas pessoas, assim como em várias outras condições crônicas.
A telessaúde presta-se a ajudar pacientes a gerir as suas condições com sucesso e desfrutar de uma melhor qualidade de vida. Também pode levar a melhores resultados de saúde do diabético, como menos hospitalizações, níveis mais baixos de HbA1c e melhora da pressão arterial sistólica e diastólica, todos esses dados sendo monitorados com mais frequência pelo médico e os pacientes recebendo sempre as orientações de como melhorar seus resultados para manter sua condição sob controle.
Assim a integração do monitoramento remoto e do gerenciamento de cuidados crônicos em um plano geral de tratamento alivia um pouco a carga de trabalho do médico em consultas realizadas pessoalmente, beneficia financeiramente os pacientes e facilita a satisfação do paciente com um senso mais forte de segurança e conectividade com seu médico.
Como tudo na telemedicina é novo, ao oferecer essa modalidade de cuidados aos pacientes que podem ser beneficiar dela, o médico deve estar preparado para explicar os detalhes sobre como irá funcionar, tirar todas as dúvidas e orientar adequadamente os pacientes para que sejam receptivos à ideia.
A rápida mudança para a telemedicina no início da pandemia lançou as bases para o monitoramento e gerenciamento mais eficazes de pacientes que vivem com doenças crônicas. Os médicos têm trabalhado e se dedicado para implementar a telemedicina e os pacientes, em sua maioria, estão abraçando as teleconsultas quando cabível.
Agora então é a hora de abraçar totalmente a telessaúde como um canal para um tratamento contínuo mais eficaz e um futuro melhor para a saúde dos pacientes e para os resultados do consultório.
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