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Inteligência artificial na infectologia - ferramentas para facilitar a anamnese

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Uma história clínica bem construída é indispensável nas consultas de infectologia. Muitas vezes, a anamnese bem feita pode ser a diferença entre interpretar uma febre como “quadro viral autolimitado” ou reconhecer pistas epidemiológicas que mudam completamente a conduta (como viagem recente, contato com doentes, ingestão de alimentos de risco, exposição ocupacional, uso prévio de antimicrobianos, etc).

Além disso, os sintomas infecciosos evoluem em horas ou dias e a linha do tempo precisa ficar clara para que a hipótese etiológica faça sentido.

A boa notícia é que a inteligência artificial (IA) já oferece recursos práticos para capturar, organizar e dar visibilidade a esses detalhes, sem substituir o raciocínio clínico do infectologista.

Plataformas que integram IA diretamente ao software médico, como o HiDoctor, permitem encaixar essas ferramentas no dia a dia do consultório sem fricção: o médico continua no centro das decisões, mas não precisa mais gastar energia com tarefas mecânicas de registro.

Neste artigo exploramos 3 formas de aplicar a IA na anamnese em infectologia para ganhar precisão, velocidade e melhorar a continuidade do cuidado, com benefícios claros para médicos e pacientes.

O que a IA agrega à anamnese em infectologia

A entrevista em infectologia é, essencialmente, uma investigação epidemiológica. É preciso cruzar a cronologia de sintomas com exposições (como viagem, alimentos, animais, procedimento recente, etc), com o risco individual (vacinação, comorbidades, gravidez, imunossupressão, HIV) e também com o histórico de antimicrobianos (quais, dose, tempo, resposta, eventos adversos).

A IA atua justamente onde a chance de omissão é maior: não deixar informações se perderem e entregar organização automática e insights durante a consulta, melhorando a tomada de decisão.

1) Grave e transcreva a consulta: ganhe fidelidade e uma linha do tempo clara

Tentar anotar cada detalhe da exposição enquanto se conduz uma conversa empática é receita para perder nuances: “febre que piora no fim da tarde”, “viagem a área rural há 12 dias”, “cortou o dedo limpando peixe cru”, “cateter trocado há 3 semanas”… Todos esses são dados bem específicos, mas importantes no contexto de infecções.

Com a gravação da conversa e transcrição automática, a história fica íntegra, inclusive as frases que o paciente corrige no meio da fala, tão comuns em anamneses de infectologia.

Ganhos imediatos:

  • Registro fiel do relato, inclusive ritmo febril, início exato, exposições e automedicação.
  • Menos interrupções: o infectologista pode ouvir, direcionar e examinar sem se prender ao teclado.
  • Material revisável: após o atendimento, é possível identificar trechos importantes, construir uma linha do tempo e ter uma melhor visão geral do caso.

Ferramentas como o HiDoctor LIVE já fazem isso, transcrevendo a conversa com segurança dentro do contexto do prontuário eletrônico.

Boa prática: explique ao paciente que a gravação serve para melhorar a qualidade do registro e peça consentimento explícito. Essa transparência aumenta a confiança e a adesão.

2) Use o assistente clínico: resumos estruturados e insights úteis

Registrar a consulta é apenas o primeiro passo. Em infectologia, o volume e a variedade de dados tornam desafiador transformar a fala do paciente em informação clínica acionável. É aqui que entra o papel do assistente clínico baseado em IA, que organiza, sintetiza e destaca pontos-chave automaticamente.

Com essa tecnologia, o infectologista conta com resumos estruturados da consulta, já no formato SOAP ou histórico clínico, o que facilita acompanhar a evolução do quadro e comunicar-se com outras equipes. Além do resumo, a IA pode oferecer insights contextuais: com base no histórico, na transcrição e nas anotações do médico, o assistente sugere perguntas adicionais (p. ex., sobre exposição hídrica/alimentar, viagem recente, parceiros sexuais, contato ocupacional, dispositivos e internações), bem como exames físicos direcionados e complementares potencialmente úteis (hemoculturas, urocultura, sorologias, entre outros, quando pertinente).

Esses insights não substituem a análise médica; funcionam como alertas que reduzem a chance de detalhes passarem despercebidos. Em infectologia, ter lembretes estruturados ajuda a preservar a linha de raciocínio e priorizar a investigação certa no momento certo.

Na prática, o uso do assistente clínico permite:

  • Resumos claros e comparáveis entre consultas.
  • Estruturação de pontos-chave: sintomas, alergias, medicamentos em uso, histórico de saúde e familiar, etc.
  • Apoio à investigação clínica com insights complementares e sugestões de próximos passos, mantendo o médico no controle.

Dica operacional: reserve 3-5 minutos ao final da consulta para revisar o resumo, validar os insights e registrar a anamnese final no prontuário.

3) Integre direto no prontuário: contexto, continuidade e segurança

O valor real da IA aparece quando transcrição, resumo e insights funcionam no contexto do prontuário eletrônico, salvando os documentos gerados direto na ficha do paciente, no mesmo lugar onde estão exames, imagens, culturas, antibiogramas e prescrições. Assim, cada novo episódio infeccioso conversa com o histórico: internações anteriores, patógenos isolados, perfis de resistência, alergias, falhas terapêuticas.

Benefícios práticos da integração ao prontuário:

  • Contexto completo em um clique: linha do tempo + exames + terapias.
  • Menos erro de digitação e menos copiar/colar entre sistemas.
  • Busca rápida por termos da história do paciente em todo o prontuário, útil para vigilância e acompanhamento.
  • Continuidade: se outro profissional atender o paciente, encontra o raciocínio documentado e mantém a coerência do plano.
  • Segurança: armazenamento criptografado e controle de acesso, condição indispensável para adoção sustentável.

Exemplo na prática: o HiDoctor LIVE integra o que a IA gerou diretamente no prontuário HiDoctor. O médico segue no comando: revisa, edita, aprova e registra; mas sem atalhos perigosos, contando com agilidade e segurança.

Benefícios concretos para médicos e pacientes

Para o infectologista

  • Escuta plena sem perder detalhes: foco na entrevista e no exame, com o conforto de ter a história capturada com fidelidade.
  • Menor carga administrativa: resumo estruturado pronto para revisão e assinatura.
  • Eficiência com precisão: a anamnese automática e os insights orientam a investigação, ao mesmo tempo proporcionando ganho de tempo.
  • Comunicação em equipe: registro padronizado facilita discussão com outros especialistas envolvidos no caso.

Para o paciente

  • Percepção de cuidado: consulta fluida, com médico atento e espaço para ser ouvido e tirar dúvidas.
  • Segurança: menor risco de omissões por perda de informação.
  • Educação do paciente: a eficiência dos processos permite ao médico dar explicações mais claras, que aumentam a adesão a exames e tratamentos.

Limites, ética e transparência

A IA não diagnostica nem prescreve. Ela transcreve, organiza e sugere; o julgamento clínico é sempre humano. Garanta consentimento informado para gravação, descreva a finalidade (qualidade do registro) e mantenha uma política de privacidade acessível.

O hábito de revisar tudo o que a IA produziu antes de incorporar ao prontuário é indispensável. Isso preserva a qualidade e sustenta a confiança dos pacientes e da equipe.

Aplicações avançadas da IA na infectologia

Para além do uso no contexto da anamnese, diversos estudos científicos recentes abordam aplicações avançadas da inteligência artificial na infectologia, explorando desde diagnósticos e vigilância epidemiológica até descoberta de novos tratamentos.

  • Uma revisão publicada em 2025 no The Lancet Infectious Diseases[1] discutiu o impacto da IA no manejo clínico, detecção de surtos e controle de infecções, destacando o potencial da IA para tornar mais eficiente a vigilância, o diagnóstico e a resposta a ameaças infecciosas.
  • Um estudo de 2025, publicado no periódico Viruses[2], fez um mapeamento dos modelos e aplicações de machine learning mais relevantes para o manejo de doenças infecciosas, evidenciando a utilidade de modelos explicáveis e ensemble learning para vigilância, diagnóstico e prognóstico dessas doenças, mas ressaltou limitações quanto à validação externa desses modelos.
  • Artigo de revisão na revista npj Antimicrobials and Resistance[3] (2025) destacou como IA tem melhorado o diagnóstico rápido, a predição de resistência antimicrobiana, a descoberta de antibióticos e terapias personalizadas, com exemplos concretos de modelos superando médicos na recomendação de antibióticos para infecções urinárias.
  • Estudo brasileiro de 2024, publicado na revista Future Medicinal Chemistry[4], detalha como ferramentas de IA têm acelerado a triagem e identificação de candidatos a compostos terapêuticos para doenças infecciosas negligenciadas, como Chagas e leishmaniose, ilustrando os benefícios de parcerias acadêmicas internacionais para a inovação.
  • Também no contexto nacional, o Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz)[5] desenvolve um projeto que utiliza IA para prever surtos de doenças, aplicando métodos estatísticos e bancos de dados para antecipar cenários epidêmicos e otimizar estratégias de resposta.

Na infectologia, tempo e contexto são determinantes. A inteligência artificial ajuda a ganhar ambos: captura a história sem perdas, organiza a informação em minutos e mantém tudo integrado ao prontuário para decisões mais seguras.

Adotar esse fluxo com IA nas anamneses, através do uso de sistemas de excelência, como o HiDoctor LIVE, é um passo importante para tornar a anamnese em infectologia mais prática, precisa e centrada no paciente.

A tecnologia não substitui o clínico; ela amplia o alcance do seu raciocínio para que o cuidado seja mais eficiente, mais coerente e, acima de tudo, mais humano.

Todos os usuários do HiDoctor já podem aproveitar os benefícios da inteligência artificial integrada ao prontuário eletrônico. O HiDoctor LIVE, nosso módulo de IA, fornece insights clínicos e informações estruturadas em tempo real para resumir e organizar suas consultas, além de possibilitar a transcrição da consulta de forma automática.

O HiDoctor é o único sistema multiplataforma para consultórios e o software mais utilizado por médicos e clínicas no Brasil. A Centralx conta com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias para a área médica.

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Referências

[1] Artificial intelligence and infectious diseases: an evidence-driven conceptual framework for research, public health, and clinical practice, disponível em The Lancet Infectious Diseases.

[2] Machine Learning and Artificial Intelligence for Infectious Disease Surveillance, Diagnosis, and Prognosis, disponível em Viruses.

[3] Challenges and applications of artificial intelligence in infectious diseases and antimicrobial resistance, disponível em npj Antimicrobials and Resistance.

[4] Multitask Learning-Driven Identification of Novel Antitrypanosomal Compounds, disponível em Future Medicinal Chemistry.

[5] Projeto do INI que utiliza inteligência artificial para prever surtos de doenças é apresentado no Rio Innovation Week, disponível em Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz).

 

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