Inteligência artificial na anamnese: avanços possíveis na gastroenterologia
A integração da inteligência artificial (IA) na anamnese médica representa um avanço significativo na prática clínica, especialmente na gastroenterologia. A anamnese, como etapa inicial do diagnóstico, é fundamental para a identificação de doenças gastrointestinais.
O uso de IA nesse contexto visa aprimorar a coleta e interpretação de dados clínicos, resultando em diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes.
Confira nesse artigo as formas como a IA pode ser aproveitada nas consultas médicas e quais benefícios pode agregar à pratica dos médicos gastroenterologistas.
- Integração da IA na anamnese médica
- Benefícios da IA na gastroenterologia
- Desafios e considerações éticas
Integração da IA na anamnese médica
A IA pode ser incorporada aos sistemas médicos por meio de algoritmos de aprendizado de máquina que analisam grandes volumes de dados clínicos. Esses algoritmos são capazes de identificar padrões e correlações que podem não ser evidentes para os profissionais de saúde.
Ao processar informações provenientes de prontuários eletrônicos, históricos médicos e resultados de exames, a IA auxilia na elaboração de anamneses mais detalhadas e precisas.
Um exemplo dessa aplicação é o uso de processamento de linguagem natural (PLN) para interpretar e organizar informações textuais dos registros médicos. Isso permite a padronização de termos médicos e a identificação de informações redundantes, facilitando a análise dos dados pelo profissional de saúde.
Além disso, sistemas de IA podem fornecer suporte à decisão clínica, sugerindo possíveis condutas, como exames a solicitar ou perguntas a fazer ao paciente, sempre com base em dados históricos e evidências científicas.
Benefícios da IA na gastroenterologia
Na gastroenterologia, a IA oferece benefícios específicos, como a melhoria na detecção e classificação de doenças gastrointestinais. Por exemplo, algoritmos de IA podem analisar imagens endoscópicas para identificar lesões ou anomalias com alta precisão, auxiliando na detecção precoce de condições como câncer gástrico ou pólipos intestinais. Estudos demonstram que sistemas de IA alcançam sensibilidades próximas às de endoscopistas experientes na detecção de câncer gástrico precoce[1].
Além disso, a IA pode auxiliar na contagem de eosinófilos em biópsias gastrointestinais, facilitando o diagnóstico de condições como a esofagite eosinofílica. Um estudo treinou uma rede neural profunda baseada no UNet para detectar e contar eosinófilos em biópsias do trato gastrointestinal, obtendo uma correlação de 85% entre as contagens detectadas pela máquina e as contagens manuais em 300 imagens de teste[2].
Outro benefício é a capacidade da IA de prever exacerbações de doenças inflamatórias intestinais, como a colite ulcerativa. Ferramentas de IA podem analisar amostras digitalizadas do intestino para distinguir entre remissão e atividade da doença, além de prever o risco de surtos com precisão semelhante à de patologistas[3].
De modo geral, a gastroenterologia é uma especialidade em que exames de imagens são frequentemente necessários para a investigação de sintomas e definição do diagnóstico. Cada vez mais, a inteligência artificial tem sido aprimorada justamente nessa tarefa de análise de exames e imagens médicas, o que enfatiza sua importância para melhorar os diagnósticos na gastroenterologia, tanto em termos de tempo para o diagnóstico quanto em termos de precisão dos resultados.
Desafios e considerações éticas
Apesar dos avanços, a integração da IA na anamnese e na prática gastroenterológica enfrenta desafios, incluindo questões éticas relacionadas à privacidade dos pacientes, explicabilidade dos algoritmos e responsabilidade legal.
É fundamental garantir que os dados utilizados para treinar os algoritmos sejam de alta qualidade e representativos, evitando vieses que possam comprometer a precisão dos diagnósticos. Além disso, é indispensável que os profissionais de saúde compreendam as recomendações fornecidas pela IA e sejam capazes de interpretá-las de forma crítica.
A utilização da inteligência artificial nos consultórios e clínicas de gastroenterologia, auxiliando na estruturação da ficha de anamnese, na análise de exames e na proposta de condutas, oferece oportunidades significativas para aprimorar a precisão diagnóstica e a eficiência dos tratamentos. No entanto, é essencial abordar os desafios éticos e técnicos associados para garantir que a implementação dessas tecnologias beneficie os pacientes e melhore os cuidados de saúde de forma geral.
Referências
[1] Cao J.S., et al. (2021). "Artificial intelligence in gastroenterology and hepatology: Status and challenges." World Journal of Gastroenterology, 27 (16): 1664–1690.
[2] Shah, H., et al. (2022). "Artificial Intelligence-based Eosinophil Counting in Gastrointestinal Biopsies." arXiv, 2211.15667.
[3] Iacucci M., et al. (2023). "Artificial Intelligence Enabled Histological Prediction of Remission or Activity and Clinical Outcomes in Ulcerative Colitis." Gastroenterology, 164 (7): 1180–1188.e2.
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