Gostou do artigo? Compartilhe!

Anamnese eficiente na pneumologia com suporte de inteligência artificial

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

A especialidade de pneumologia exige um olhar atento para sintomas que, muitas vezes, são inespecíficos e multifatoriais. Tosse persistente, dispneia, dor torácica ou chiado no peito podem apontar para quadros agudos, como pneumonia, mas também para doenças crônicas de longa evolução, como DPOC, asma ou fibrose pulmonar. Ou podem mesmo estar relacionados a condições fora do escopo da pneumologia.

A anamnese é, portanto, o primeiro e mais importante passo para estabelecer hipóteses diagnósticas consistentes.

Entretanto, a coleta e a organização desses dados podem ser um desafio sem as ferramentas certas. É necessário levantar histórico pessoal, familiar e ocupacional, investigar fatores ambientais, detalhar hábitos de vida e ainda correlacionar todos esses elementos com a evolução dos sintomas. A consulta tende a ser extensa e a documentação pode se tornar repetitiva ou fragmentada ao longo do acompanhamento.

É nesse contexto que a inteligência artificial (IA) traz novas possibilidades para os pneumologistas, oferecendo soluções práticas que tornam a anamnese mais eficiente, completa e padronizada, sem perder a individualização do cuidado.

Neste artigo você confere:

Particularidades da anamnese em pneumologia

Uma boa anamnese pneumológica deve ser estruturada para captar a complexidade das doenças respiratórias:

  • História de sintomas respiratórios: início, duração, frequência e intensidade de sintomas como tosse, dispneia, chiado e dor torácica, por exemplo, além da identificação de fatores desencadeantes ou de melhora.
  • Exposições ambiental e ocupacional: fumo passivo, contato com fumaça, poeiras industriais, solventes, mofo ou poluição urbana, entre outras.
  • Históricos pessoal e familiar: presença de alergias, atopia, tuberculose prévia, câncer de pulmão, doenças respiratórias crônicas em familiares, etc.
  • Hábitos de vida: tabagismo, prática de atividade física, uso de substâncias inaladas.
  • Impacto funcional: limitações nas atividades diárias, fadiga, distúrbios do sono relacionados à apneia, crises de falta de ar noturna.

Esses são apenas alguns exemplos. Trata-se de um conjunto vasto de informações, que precisa ser registrado de forma clara e sistemática para orientar condutas imediatas e, ao mesmo tempo, viabilizar acompanhamento longitudinal.

IA como solução para uma anamnese mais eficiente na pneumologia

Transcrição em tempo real

Ferramentas de IA permitem registrar automaticamente a conversa entre médico e paciente. Dessa forma, o pneumologista pode se concentrar na escuta e no exame físico, enquanto o sistema capta detalhes do relato, como frequência dos sintomas, gatilhos relatados e evolução temporal, reduzindo o risco de omissões.

Sugestões de perguntas inteligentes

Com base nas informações de histórico, anotações manuais e transcrição, a IA pode sugerir novas perguntas que complementam a investigação. Por exemplo: diante de um paciente com dispneia, lembrar de explorar histórico de tabagismo, exposição ocupacional a poeiras ou presença de comorbidades cardíacas. Se o quadro for de tosse crônica, a ferramenta pode indicar questões sobre uso de medicamentos como inibidores da ECA ou sintomas associados a refluxo.

Organização em blocos estruturados

Outra possibilidade da IA é a segmentação dos dados em blocos temáticos, como sintomas, histórico familiar, doenças pregressas, alergias e medicamentos em uso. Isso facilita a visualização rápida de pontos importantes e a revisão do quadro geral do paciente em consultas de retorno.

Geração de resumos clínicos

Após a consulta, a IA é capaz de compilar as informações em relatórios prontos para inclusão no prontuário. O médico pode optar pelo formato de histórico clínico contínuo ou pelo modelo SOAP (Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano). Essa padronização melhora a qualidade da documentação e agiliza a consulta seguinte.

Benefícios práticos para o pneumologista

O uso da inteligência artificial na anamnese pneumológica traz benefícios diretos à prática clínica. O primeiro é o ganho de tempo: consultas longas, especialmente em pacientes com múltiplas comorbidades, tornam-se mais produtivas quando parte do registro é automatizado.

Outro ponto é a redução de omissões. Em doenças respiratórias, em que diversos fatores ambientais, ocupacionais e pessoais se entrelaçam, insights clínicos inteligentes ajudam o médico a não deixar aspectos importantes de fora.

Além disso, a clareza na organização dos dados favorece o acompanhamento longitudinal. Em doenças crônicas como DPOC, asma ou fibrose pulmonar, pequenos detalhes da evolução clínica podem indicar necessidade de mudança terapêutica ou alerta para risco de exacerbações. Com registros bem estruturados, essa análise se torna mais simples e precisa.

Por fim, há impacto positivo na comunicação multiprofissional. Relatórios claros e padronizados podem ser compartilhados com cardiologistas, fisioterapeutas ou alergistas que participam do cuidado, assegurando continuidade e alinhamento de condutas.

Maximizando a eficiência: integração com o prontuário eletrônico

Os ganhos da IA são potencializados quando ela está integrada diretamente ao software médico, e não em plataformas separadas. Essa integração garante que transcrições, resumos e blocos estruturados já estejam incorporados ao prontuário eletrônico de forma automática e segura.

No HiDoctor, por exemplo, a IA faz parte do próprio fluxo da consulta, eliminando a necessidade de alternar entre sistemas. Isso traz ganhos de eficiência, qualidade dos registros e segurança, já que os dados permanecem armazenados em ambiente protegido, em conformidade com normas de confidencialidade em saúde.

Além disso, cada consulta adiciona novas informações à linha do tempo do paciente, recurso essencial para acompanhar doenças respiratórias crônicas ao longo de anos.

Perspectivas avançadas da IA em pneumologia

A aplicação da inteligência artificial em pneumologia já foi abordada em pesquisas que utilizaram algoritmos de deep learning para análise de tomografias e radiografias do tórax, auxiliando no diagnóstico de doenças pulmonares intersticiais, quantificação de lesões e diferenciação de estados clínicos como normalidade, pneumonia ou Covid-19[1,2].

Projetos nacionais demonstraram que ferramentas de IA podem melhorar a precisão da interpretação de exames de imagem, por exemplo na detecção de enfisema pulmonar e câncer de pulmão[3,4], utilizando bancos de dados hospitalares digitais para identificar padrões suspeitos, apoiar decisões clínicas e evitar procedimentos invasivos desnecessários. Pesquisadores também relatam a integração entre análise automatizada de exames e laudos médicos[5], evidenciando ganhos em precisão no diagnóstico e suporte à radiologia.

Além da análise de imagens, há pesquisas que desenvolveram modelos de inteligência artificial para monitoramento em ambientes hospitalares, como UTIs[6], contribuindo para ajustar estratégias de ventilação e individualizar terapias respiratórias em casos como síndrome do desconforto respiratório agudo. O desenvolvimento de biomarcadores por IA para interpretação de exames de espirometria é outro avanço relatado em artigo recente[7], com impactos diretos na avaliação e acompanhamento clínico de pacientes com doenças pulmonares.


Na pneumologia, a anamnese bem conduzida é indispensável para compreender sintomas complexos e multifatoriais. A inteligência artificial já é uma realidade em muitos consultórios, se tornando uma aliada prática e confiável, capaz de tornar o processo mais ágil, estruturado e seguro, sem substituir a sensibilidade clínica do médico.

Com ferramentas integradas ao prontuário eletrônico, o pneumologista ganha tempo, reduz omissões, melhora a qualidade da documentação e fortalece o acompanhamento de doenças crônicas.

Já olhando para o futuro, a combinação da anamnese com análise de imagens e monitoramento contínuo tem potencial para transformar a forma como doenças respiratórias são diagnosticadas e tratadas.

Todos os usuários do HiDoctor já podem aproveitar os benefícios da inteligência artificial integrada ao prontuário eletrônico. O HiDoctor LIVE, nosso módulo de IA, fornece insights clínicos e informações estruturadas em tempo real para resumir e organizar suas consultas, além de possibilitar a transcrição da consulta de forma automática.

O HiDoctor é o único sistema multiplataforma para consultórios e o software mais utilizado por médicos e clínicas no Brasil. A Centralx conta com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias para a área médica.

Experimente e conheça o HiDoctor clicando abaixo!

 

Referências

[1] Inteligência artificial na tomografia para diagnóstico das doenças pulmonares intersticiais, disponível em Journal of Health Informatics.

[2] Algoritmos para auxílio no diagnóstico de doenças pulmonares utilizando inteligência artificial, disponível em Repositório Institucional - UEL.

[3] Aggregating embeddings from image and radiology reports for multimodal Chest-CT retrieval, disponível em IEEE Xplore.

[4] Comparação entre IA e radiologistas na performance em avaliação de nódulos pulmonares em exames de imagem: uma revisão sistemática integrativa, disponível em Brazilian Journal of Health Review.

[5] IDOR desenvolve ferramentas de Inteligência Artificial para diagnóstico de doenças pulmonares, disponível em Instituto D'Or.

[6] Inteligência Artificial no Monitoramento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), disponível em Revista De Medicina.

[7] Um novo biomarcador para auxiliar na interpretação dos exames de espirometria através da aplicação da inteligência artificial e das funções das wavelets, disponível em Centro Universitário FEI.

 

Gostou do artigo? Compartilhe!