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Como ter conversas difíceis com os pacientes

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Uma das áreas de maior satisfação para os médicos vem de interagir com e fazer diferença na vida dos pacientes. E na maior parte do tempo, pacientes apreciam o cuidado e preocupação que recebem de seus médicos. No entanto, há momentos em que a interação entre médico e paciente pode ser um pouco complicada.

Essas conversas difíceis podem se tornar motivo de frustração e desapontamento para ambos os lados. Vamos explorar algumas estratégias que você pode adotar para ajudar a transformar uma discussão difícil em uma discussão que resulta em aprendizagem, para você e seus pacientes. Nós vamos nos concentrar em tipos de conversas que podem ser mais desafiadoras: não-conformidade e dar uma notícia angustiante para o paciente.

Como ter conversas difíceis com os pacientes

Quando os pacientes não estão em conformidade

Um paciente continua a fumar apesar de um diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)... Os níveis de glicose no sangue de um paciente estão variando extremamente e ele não está seguindo as recomendações dietéticas. Um paciente recusa a medicação anti-hipertensiva apesar das pressões sanguíneas consistentes acima de 135/90. Estas circunstâncias não apenas são frustrantes, como também podem ter consequências potencialmente graves.

Há uma infinidade de razões para não-conformidade, a maioria das quais pode ser classificada em um ou mais dos três "C's":

  • Compromisso - o paciente não acredita plenamente e/ou entende as razões para o aconselhamento recebido de seu médico
  • Confiança - o paciente não acredita que seja capaz de cumprir as recomendações
  • Controle - o paciente sente uma perda de autonomia sobre seu estilo de vida

A maior probabilidade de obter o comprometimento do paciente em seguir o aconselhamento médico é proativamente discutir cada um dos 3 "C's" antes que ele esteja em não-conformidade.

Compromisso

A ferramenta mais eficaz que um médico tem para conseguir o comprometimento de um paciente é oferecer ampla comunicação de modo que o paciente entenda claramente por que a recomendação está sendo feita. Concentre-se em primeiro lugar nos resultados positivos que o paciente irá experimentar por seguir o conselho médico (ao contrário de uma ênfase excessiva sobre as consequências da não-conformidade). Certifique-se de que o paciente compreenda as razões usando uma linguagem adequada e fazendo uso frequente de perguntas abertas que buscam esclarecer a compreensão do paciente e tragam à tona quaisquer percepções erradas.

Confiança

Os pacientes podem estar hesitantes em expressar sua falta de confiança por medo de decepcionarem seu médico ou sentirem-se envergonhados com sua ignorância percebida. A única maneira de identificar o nível de confiança dos pacientes é fazendo boas perguntas. Depois de abordar o "compromisso" deles (acima), uma pergunta muito útil é esta: "Em uma escala de 1 a 10, o quanto você está confiante de que vai seguir as recomendações que discutimos?"

Uma vez que o paciente responda um número, siga com esta pergunta: "O que levantaria esse número para você?" Continue a explorar com o paciente até que você se sinta confiante de que ele está comprometido e seguro sobre as mudanças que está sendo solicitado a fazer. Se necessário, forneça materiais educativos, apoio (possivelmente através de outros prestadores de cuidados de saúde, como um nutricionista) e/ou reafirmação.

Controle

A percepção pelos pacientes de certa falta de controle e autonomia pode ser ameaçadora, fazendo com que eles queiram afirmar sua independência. Tanto quanto possível, dê diferentes opções e escolhas aos pacientes sobre como eles irão implementar o conselho médico.

Pergunte ao paciente o que é mais importante para ele em relação a escolhas e controle. Trabalhe com os pacientes como um parceiro em sua saúde, ao invés de ditar-lhes o que deve ser feito. Isso provavelmente levará a uma maior confiança, compromisso e melhor acompanhamento.

Dando más notícias

A primeira vez que você der a notícia ao seu paciente (por exemplo, um novo diagnóstico de câncer), reconheça que assim que o paciente ouvir a palavra "câncer", é muito provável que ele não ouvirá muito mais do que você diga a seguir. Portanto, o foco nesta primeira conversa é ser honesto, atencioso e empático. Dê espaço para as emoções angustiantes do paciente - elas devem ser esperadas. Rotular as emoções, por exemplo, "Eu sei que isso é assustador para você", pode ter o efeito de diminuir a intensidade dos sentimentos angustiantes e mostra que você se importa.

Evite dar muitos detalhes (a menos que o paciente peça) e não espere que o paciente irá se lembrar muito do que você disse, além do diagnóstico. É por isso que é fundamental agendar uma consulta de acompanhamento logo após dada a notícia para que você possa fornecer mais detalhes sobre o plano de tratamento médico e para responder às perguntas do paciente.

Resumindo, uma comunicação eficaz é tão importante quanto, se não mais, do que seus conhecimentos e habilidades médicas. Seja proativo em abordar as necessidades emocionais dos pacientes e em ganhar o comprometimento deles, de modo que consigam alcançar resultados ótimos de saúde.

 

Fonte: Physicians Practice

 

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