Aproveitando a inteligência artificial para facilitar a anamnese na pediatria
A anamnese é o primeiro e mais fundamental passo da consulta médica. Na pediatria, esse processo apresenta algumas características únicas, exigindo não apenas conhecimento técnico, mas também sensibilidade, escuta ativa e uma excelente capacidade de comunicação com os responsáveis.
A boa notícia é que, com os avanços da inteligência artificial (IA), os pediatras passam a contar com ferramentas capazes de transformar esse momento desafiador em uma experiência mais eficiente, precisa e centrada no cuidado da criança.
Neste artigo você confere:
- Particularidades da anamnese em pediatria
- Desafios enfrentados pelo pediatra na anamnese
- Como a inteligência artificial pode ajudar na coleta inicial de dados
- IA como ferramenta para otimizar a comunicação com os responsáveis
- Futuro da IA na pediatria: ferramentas avançadas
Particularidades da anamnese em pediatria
A anamnese pediátrica se diferencia por depender muitas vezes do relato indireto, ou seja, das informações fornecidas pelos pais ou cuidadores. Isso ocorre porque crianças, especialmente as mais novas, ainda não têm vocabulário, memória ou entendimento suficientes para expressar seus sintomas com clareza.
Além disso, o pediatra precisa considerar o contexto familiar, social e de desenvolvimento da criança, que influencia tanto na saúde quanto na apresentação dos sintomas.
Outro ponto fundamental é que a anamnese deve ser ajustada de acordo com a faixa etária. Um bebê requer perguntas diferentes das direcionadas a um pré-adolescente, por exemplo.
Avaliar marcos do desenvolvimento, hábitos alimentares, padrões de sono e interação social são apenas alguns dos elementos que variam conforme a idade e que tornam a abordagem pediátrica única.
Desafios enfrentados pelo pediatra na anamnese
O pediatra muitas vezes precisa lidar com um volume extenso de informações dentro de uma consulta curta. A anamnese pode incluir desde o histórico gestacional e perinatal até o calendário de imunizações e possíveis doenças passadas.
Além disso, os relatos dos pais podem ser vagos ou subjetivos, especialmente quando os sintomas são inespecíficos, como “irritabilidade”, “falta de apetite” ou “choro excessivo”.
Ao mesmo tempo, o profissional precisa acolher a criança, tranquilizar os responsáveis e registrar dados com precisão no prontuário. Essa sobreposição de tarefas exige agilidade mental e foco, tornando o processo exaustivo, especialmente em dias com agenda cheia.
Qualquer suporte que aumente a eficiência sem comprometer a qualidade do atendimento representa, portanto, um avanço bem-vindo.
Como a inteligência artificial pode ajudar na coleta inicial de dados
A inteligência artificial integrada ao sistema de prontuário eletrônico já é uma realidade, como no HiDoctor, que oferece a ferramenta HiDoctor LIVE. Essa tecnologia traz benefícios para a realização da anamnese pelo pediatra, transcrevendo, resumindo e organizando as informações das consultas.
Entre os recursos mais promissores estão:
- Transcrição da consulta em tempo real, permitindo que o médico mantenha o foco na criança e nos responsáveis, sem se preocupar em anotar tudo durante o atendimento.
- Geração de insights clínicos contextuais com base nos relatos, auxiliando o médico a avançar em sua investigação.
- Organização dos dados em blocos estruturados, como doenças pregressas, sintomas, uso de medicamentos, alergias e histórico familiar.
- Criação de resumos automáticos com base nas anotações e transcrições, em formato SOAP ou histórico clínico, facilitando a documentação e posterior análise clínica.
- Integração direta com o prontuário eletrônico, eliminando etapas manuais e permitindo que todo o conteúdo fique registrado com segurança.
Esses recursos proporcionam redução de retrabalho e ganho real de tempo, o que é especialmente valioso em uma especialidade que demanda escuta cuidadosa e atenção multidimensional como a pediatria.
IA como ferramenta para otimizar a comunicação com os responsáveis
A comunicação clara com os responsáveis é essencial na pediatria. Muitas vezes, os pais saem da consulta com dúvidas sobre o diagnóstico, uso de medicamentos ou cuidados recomendados. Nessa questão a IA também pode ser uma aliada.
Utilizando ferramentas como ChatGPT ou Gemini, o médico pode adaptar orientações técnicas para uma linguagem acessível, facilitando a compreensão por parte dos pais. Por exemplo, um texto sobre cuidados com febre ou antibioticoterapia pode ser rapidamente transformado em um folheto digital ou mensagem explicativa clara e personalizada.
É importante, no entanto, revisar cuidadosamente todo o conteúdo gerado antes de compartilhar com os responsáveis, garantindo precisão e adequação à realidade clínica de cada paciente. Utilizada com responsabilidade, essa estratégia reforça a confiança, estimula o engajamento dos cuidadores e melhora a adesão ao tratamento.
Futuro da IA na pediatria: ferramentas avançadas
O potencial da IA na pediatria vai muito além do que já está disponível nos consultórios. Pesquisas recentes apontam para aplicações que podem revolucionar o rastreio e diagnóstico precoce de condições neurológicas e comportamentais, como o autismo.
Um exemplo é o estudo publicado no NEJM AI[1] sobre o SenseToKnow, um aplicativo móvel para triagem remota do transtorno do espectro autista em crianças pequenas. A ferramenta utiliza visão computacional e aprendizado de máquina para analisar vídeos gravados pelos pais enquanto a criança interage com jogos ou vídeos no celular. Com base no comportamento da criança, o algoritmo identifica padrões compatíveis com o autismo com sensibilidade de 83% e especificidade de 93%.
Esse tipo de inovação tem o potencial de reduzir barreiras geográficas e socioeconômicas no acesso ao diagnóstico precoce, promovendo intervenções mais oportunas e eficazes. À medida que essas tecnologias evoluem, é possível imaginar um futuro no qual a IA será também uma ponte entre o cuidado clínico tradicional e a medicina de precisão.
A incorporação da inteligência artificial na prática pediátrica não substitui o olhar atento e o julgamento clínico do médico, mas o potencializa. Na anamnese, especialmente, a IA se mostra uma ferramenta valiosa para lidar com os desafios próprios do atendimento a crianças e da comunicação com os pais, agilizando processos, organizando informações e ampliando a capacidade do pediatra de gerenciar o tempo da consulta para oferecer um atendimento atencioso e humanizado.
O uso de IA na medicina vai além de uma tendência tecnológica, representando uma evolução natural que se alinha à busca constante por qualidade, humanização e eficiência.
Ao adotá-la de forma crítica e estratégica, os profissionais podem não apenas otimizar o tempo, como também entregar um atendimento mais completo, claro e acolhedor, tanto para os pequenos pacientes quanto para suas famílias.
Todos os usuários do HiDoctor já podem aproveitar os benefícios da inteligência artificial integrada ao prontuário eletrônico. O HiDoctor LIVE, nosso módulo de IA, fornece insights clínicos e informações estruturadas em tempo real para resumir e organizar suas consultas, além de possibilitar a transcrição da consulta de forma automática.
O HiDoctor é o único sistema multiplataforma para consultórios e o software mais utilizado por médicos e clínicas no Brasil. A Centralx conta com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de tecnologias para a área médica.
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Referências
[1] PR Krishnappa Babu, et al. (2024). "Validation of a Mobile App for Remote Autism Screening in Toddlers." NEJM AI, publicado online: 26 de setembro de 2024.